quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Talvez este seja um poema de despedida.

Se quiser ir, vá.
Mas leve com você todas as memórias.
Leve todos os momentos no meu carro,
Todas as horas que passamos conversando
E ouvindo música, como amigos de longa data.
Leve todos os beijos,
E todos os carinhos,
Todas as vezes que sua mão alisou meu braço,
Daquele jeito que eu gosto.
Leve todos os meus momentos de vulnerabilidade.
Não, não leve.
Não leve nada de mim.
Só leve o que era de nós dois.

Se quiser ir, vá.
Mas leve com você o seu cheiro.
E me devolva o meu.
Leve as coisas que gostamos,
Nossos interesses em comum,
E me devolva tudo.
Me devolva meu mundo,
Como se você nunca tivesse existido.
Devolva meu mundo sem você!
Como se você nunca tivesse falado que eu sou séria demais.
Como se você nunca tivesse usado aquele tom de voz,
Aquele que me faz perceber o carinho que você sentia por mim.

Se quiser ir, vá.
Mas leve com você todas as mentiras.
Leve todas as verdades.
Leve todas as coisas ditas,
E as não ditas.
Leve todas as risadas.
E principalmente as lágrimas.
(eram sempre minhas mesmo)
(com as lágrimas você pode ficar)
Leve todas as brigas.
E leve os momentos de paz.

Se quiser ir, vá.
Mas leve com você suas músicas preferidas.
E me devolva as minhas.
Devolva minha paz de quando eu ouvia músicas
E elas não me faziam lembrar de você.
De quando as músicas não me faziam lembrar
De momentos nossos.
Leve com você todas as nossas referências,
Todas as nossas piadas internas.
Me devolva minhas poesias,
Me devolva aquele tempo quando eu lia
E não pensava em você.
Me devolva os meus personagens preferidos,
Principalmente aqueles que tem características
Parecidas com as suas.
Me devolva tudo o que é meu.
Leve o que construímos juntos.
E deixe o que eu tinha construído sem você.

Se quiser ir, vá.
Mas leve todas as noites em claro
Que passamos conversando.
Leve todas as nossas saídas.
Leve todas as vezes que me impedi de dizer
O quanto gosto de você.
(talvez eu devesse me desculpar por isso)
Leve todas as pequenas coisas que fizemos
Um pelo outro.
A vida não é como aquela música de Blink-182,
Nós devíamos saber disso.
Eu devia saber que deixar flores nas escadas da sua casa
Não seria o suficiente
Para mostrar o quanto me importo.
Nem um jardim inteiro seria suficiente.
(não que você se importasse)

Se quiser ir, vá.
Mas leve seu nome com você.
Porque seu nome é meu carma.
E o carma é uma vigarista,
Uma tratante que me faz encontrar seu nome
Em todos os lugares onde eu chego.
Leve seu nome,
E me deixe com a paz
Me deixe a paz de ver seu nome
Em todas as esquinas da vida
E ele significar nada para mim.
Nem mesmo uma lembrança.
Vá.

Se quiser ir, vá.
E leve com você a minha imagem de vilã da nossa história.
Leve a ideia de que eu sou insensível,
De que não te queria perto de mim,
De que eu te fazia sentir o amargo sabor da rejeição.
Leve a ideia de que nunca fui apaixonada por você.
E de que eu fazia de tudo para te machucar.
Deixe comigo o lembrete de que não nasci para ser a “mocinha”.
Leve também a certeza de que eu só tenho cara de vilã.
No fundo, talvez eu só saiba sentir.
Leve o livro que conta a nossa história,
Porque eu não quero lembrar.
Leve toda a sua turbulência,
Porque você é tempestade.
Você é confusão.
E eu preciso de calmaria.
(ou não)
Deixe minha paz.

Se quiser ir, vá.
Mas deixe todos os poemas
Todas as cartas
Tudo o que escrevi para você
Naquelas madrugadas solitárias.
Um dia,
Num futuro próximo,
Espero ganhar dinheiro com isso.
Você não e deixou escolha
A não ser vender os restos de você
Que ficaram em mim.
Porque eu não quero nada que me faça lembrar de você.
Não quero mais você.
Fique longe de mim.
(obrigada por toda a inspiração)

Se quiser ir, vá.
E leve com você seus pincéis.
Porque quando você me conheceu
Eu era uma tela em branco.
Deixe comigo a querosene,
Para apagar a tinta que você deixou em mim.
Vou tentar não pegar fogo fazendo isso.
Mas talvez eu precise pegar fogo,
Talvez eu precise reencontrar meu fogo.
E ressurgir das cinzas,
Como uma fênix.
Já que a querosene ainda deixaria marcas.
Na tela em branco que eu quero voltar a ser.

Se quiser ir, vá.
Mas leve todos os ressentimentos.
Leve todos os sentimentos.
Não deixe nada além de uma anestesia.

Se quiser ir, vá.
Vá, e não volte mais.
Vá e encontre outra pessoa para perturbar.
Encontre outra vida para bagunçar.
Encontre outra.

Se quiser ir, vá.
Leve tudo,
Não deixe nada.
Quero voltar a ser uma tela em branco.

Se quiser ir, vá.
Mas me deixe em paz.
Não leve minha paz.
Devolva minha paz.
Deixe minha paz.

Só vai.