quarta-feira, 27 de setembro de 2017

N.

Elas se falam todos os dias, praticamente o dia todo
Mas é nas manhãs que gostam de falar sobre os sentimentos
E sobre as pessoas que os causam,
Talvez porque eles estejam menos intensos, mais controlados...
Ou talvez porque passaram a madrugada acordadas,
Sentadas na janela de seus quartos, observando a luz amarela da rua
E pensando...
E sentindo...
E pensando...
E sentindo...
E lembrando.
Lembrando de quem se foi e de quem permaneceu
Principalmente de quem voltou (para ficar)
E lembrando de quem está para ir,
Mas gostariam que ficasse, ou gostariam de ir junto
Só pra não precisar ver partir.
Só pra ter aquela pessoa por perto para sempre,
Mas há coisas que estão fora de nosso poder.
Há coisas que não podemos controlar.
E não podemos controlar as pessoas,
Nem podemos obrigá-las a permanecer.
Só podemos esperar que elas o façam
Ou então que retornem logo, antes que doa demais.
Antes que o peso da ausência, do silêncio, fique insuportável.
Antes que sejamos esquecidas.
E não podemos controlar o amanhã,
Nem quando as pessoas irão partir
Porque eventualmente, todas elas partem
Algumas, nem querem partir.
"Me pergunto de quantas vidas eu parti,
mesmo quando ainda me queriam nelas.", refletimos.
Ficamos impotentes, acorrentadas aos ditames do tempo
Ansiosas pelo que o Universo nos trará de volta.
Podemos fazer algo?
Não... Nunca. Contra o Universo não podemos lutar,
Somos só duas meninas que brincam de escrever
E que tentam dar a quem amamos as melhores partes de nós.
E no final das contas, o que importa mesmo
É manter por perto quem desperta
A poesia adormecida em nós,
Porque no final das contas,
Tudo passa, e as pessoas também.
A única coisa que podemos fazer por nós e por elas
É transformá-las em poesia
Daquele jeito que só a gente sabe fazer.