segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Do desapego...

Era a primeira vez que eu estava saindo de casa à noite. Tipo, sair com os amigos para beber e conversar. A primeira vez em oito anos. 

Oito anos namorando e para quê? Para ele acabar comigo e eu ficar na merda. Só isso.
Eu esperava um anel de noivado, e ganhei um pé na bunda.
Sou sortuda.
“Como ele pode ter feito isso comigo, depois de tanto tempo juntos?”, eu pensava sempre.
O que eu fiz de errado? O que nós fizemos de errado?
Como o companheirismo e amor que duraram oito anos acabaram desse jeito? Ah, se eu tivesse todas as respostas do mundo...
Como tudo aquilo que vivemos fora parar no lixo? Todas as cartas, presentes e fotos, tudo no lixo.

Tudo acabado com as simples palavras: “Acho que não dá mais...”. Eu não insisti, nem resisti. Sabia que não adiantava dar murro em ponta de faca. Ou talvez eu tenha sido muito orgulhosa. “Talvez, se eu deixar o orgulho de lado e ligar para ele...”, eu pensava. Mas eu nunca liguei.“Quando um não quer, dois não brigam.”, dizem. “Quando um não quer, dois não ficam.”, eu digo. É a lei da vida. Não ia adiantar eu ir atrás dele, sou dessas que acredita que, quando acabou uma vez, acabou para sempre. Não há volta, mesmo que eu quisesse.

Ele me deixou com um coração partido e muitas palavras por dizer. Talvez este tenha sido o problema, no final das contas... As coisas que não foram ditas. Isso e a falsa esperança criada pelos filmes de romance: você vai ficar para sempre com quem você ama. E você só ama verdadeiramente uma vez na vida.

Ora, e talvez você até fique... Talvez você só se apaixone uma vez na sua vida. Talvez você demore muitos anos para encontrar alguém, e talvez você nunca encontre a pessoa certa para você. Quem vai saber? E quem sabe que aquela pessoa com quem você está é A pessoa? Quem tem certeza disso? Acho que ninguém sabe de nada, afinal.

Mas aí você acorda um dia e tem uma epifania: o mais divertido é procurar pela “sua” pessoa. E o que você aprende com as outras nesse caminho. E então, a falta que você sentia da pessoa que saiu da sua vida já não é tão grande, o rancor já não é tão forte, e você já se conformou que ela não era para você.
E eu lembro das palavras de uma poetisa “tudo passa”, e penso que ela tem razão. E que achar o contrário é só efeito do calor do momento, a perspectiva de que você nunca vai sair desse estado de espírito é apenas momentânea.

Porque um dia você vai perceber que já não dói tanto pensar na pessoa. Basta querer. E dar tempo ao tempo. O tempo foi meu melhor amigo, me ajudou a me recuperar do trauma emocional pelo qual eu tinha passado.
O tempo e meus amigos. Ah, meus amigos! As pessoas que tanto negligenciei, mas que nunca deixei de amar... E o mais importante, que deixaram todas as minhas faltas de lado e me receberam de braços abertos, prontos a me ajudar. O que seria de mim sem eles?

Foi assim que aconteceu... Fui vivendo um dia de cada vez e, quando menos percebi, eu já estava pronta para outra. Pronta para conhecer gente nova, pronta para viver esta aventura de encontrar a minha alma gêmea. Clichê, sim. Clichê, sempre. Gosto de alguns clichês. Eu nunca achei que fosse conseguir desapegar, que fosse conseguir voltar à ativa e conhecer gente nova. Mas, pensando bem... Todo mundo acha isso depois de perder algo importante. De perder algo que, de certo modo, é insubstituível. Ou, pelo menos, que você pensa que é. Mas, como todo mundo, eu aprendi que tudo é passageiro.

A dor passa, e a vida continua.