Às vezes é como se eu estivesse presa
Dentro da minha cabeça.
Vagueando por um labirinto, sem
perspectiva de sair.
Encosto a mão na parede deste
labirinto mental
Ao passo que lavo minhas mãos trêmulas,
Tentando não prestar atenção ao
banheiro
Que diminui de tamanho a cada segundo
que passa.
(há quanto tempo eu não era visitada
por essa velha conhecida
que nunca traz boas notícias?)
Sinto o cheiro do sabonete em minhas
mãos,
É quase nada.
Tento sentir o frio da água tocando
minha pele,
Fingindo que estou no oceano gelado que
consumiu o Titanic,
Me agarrando a qualquer fio de sentir
Para não ser engolida pelas minhocas
gigantes em meu cérebro.
Fecho os olhos,
Respiro fundo.
Os olhos estão inchados
E tudo o que há em meu redor parece
uma ilusão.
O banheiro, cada vez menor
Como se eu fosse Alice no País das
Maravilhas,
Só que já na parte do pesadelo.
Como se eu fosse Danny Torrance fugindo
naquele frio
No labirinto do Overlook.
A ansiedade me persegue empunhando um
machado.
Se eu conseguir segurar o meu fogo o
suficiente,
Talvez eu consiga matá-la de frio?
Mas nesse caso, frio é bom... É bom,
sim.
Significa que estou sentindo algo,
Que ainda estou aqui.
Que não me perdi nem me entreguei a
nenhum delírio insano
A nenhuma peça pregada por este
monstrinho infame.
Em minha barriga, sinto uma fome
distante,
Como um vizinho de três andares que
toca violino,
Ao passo que um buraco negro consome
tudo por dentro,
Com a força voraz de um titã.
Preocupações por problemas que nem
são meus,
Memórias e traumas cujas vozes ainda
tentam me perturbar,
Cantam uma melodia de terror em minha
mente.
Sacudo a cabeça para afastar meus
demônios
VÃO TODOS PARA LONGE DE MIM!!!!!
Conto até dez.
Sinto meu corpo cansado,
Meus olhos quase fechando a qualquer
momento.
Já está passando, não vou chorar.
Não dessa vez.
Há dias que a ansiedade me pega,
Me amarra e monta em mim.
Mas me atenho ao reconfortante som da
caneta
Riscando esse papel,
Me lembrando das sábias e
reconfortantes palavras
De poetisas que vieram antes de mim:
“Tudo passa.”
“Ainda assim me reergo.”
Deixo essas palavras marcadas em mim,
Tatuadas em meu ser,
Para eu nunca esquecer.
Saio do banheiro,
Bebo água.
Percebo que a garganta estava seca há
muito tempo.
Sinto o calor voltando para mim.
Em uns dias, deixo minha cabeça me
dominar.
Mas isso não me torna fraca.
Mas isso não me torna fraca.
Em alguns raros e poucos dias, sou
prisioneira
Mas em outros dias, a ansiedade está
presa,
Numa jaula bem pequenininha,
Pra ela lembrar que não me domina,
Que não é dona de mim.
Pra ela lembrar que não é nada
No meio do grande Universo que carrego
dentro de mim.
Eu sou dona de mim.
(acho que já escrevi isso antes)