domingo, 13 de abril de 2014

Raízes Aéreas

Nunca fui do tipo de pessoa que cria raízes.
Algumas pessoas acham isso estranho,
Isso de querer morar em lugares diferentes,
Cidades diferentes,
Respirar novos ares,
De ficar empolgada ao pensar em aprender uma nova língua.

Não gosto de mesmice,
De saber que ficaria presa ao mesmo lugar minha vida inteira...
Não quero uma âncora, quero asas.
Quero poder ir onde eu quiser, quando eu quiser...
É só decidir que quero ir.

“Pra quê criar raízes quando posso sair descobrindo o mundo?”, digo eu.
Não preciso de um lugar para chamar de “lar”.
Não preciso de um lugar para onde voltar.
Só preciso de lugares onde chegar.
Não é caso de não ter um porto seguro,
É caso de viver aventuras.
É isso de acordar e não saber exatamente para onde se está indo.
Mas é a certeza de voltar com ótimas memórias.
A certeza de acordar já apaixonada pelo lugar,
E ir dormir mais apaixonada ainda.
Preciso é de conhecer lugares novos,
Conhecer gente nova.

Me perder nos encantos de uma cidade que acabei de conhecer,
Me encontrar em cada obra de arte pendurada nas paredes de museus.
Experimentar a culinária típica de cada lugar,
Aprender a falar a língua local,
As gírias, usar os termos errados.
Acabar por beijar um estranho, talvez... Quem sabe?

Aprender sobre a cultura, sobre os costumes locais.
Sobre as crenças das pessoas.
Respirar um ar rarefeito,
Ou respirar um ar tão limpo que você acaba intoxicado,
Por ter se acostumado ao ar poluído da cidade anterior.
Tomar banho nas águas doces de um rio,
Talvez até arriscar um banho de chuva,
Quem se importa com um possível resfriado?

Jogar uma moeda numa fonte,
E desejar que eu sempre possa fazer isso.
Conhecer novos lugares.
Nunca criar raízes.

Às vezes acho que eu até tenho raízes.
Gosto de imaginar minhas raízes saindo do centro da Terra.
E alcançando todos os lugares possíveis.
Tenho raízes em todos os lugares onde já fui.
Todos os lugares que já deixaram uma marca em mim.
Que me deixaram com boas lembranças.

No final das contas, talvez se as árvores pudessem falar,
Elas diriam que gostariam de não ter raízes.
Para poder ir onde elas quiserem.
No final das contas, não ter raízes não é uma coisa ruim.

E acho que, se as pessoas vissem o mundo como eu vejo,
Toda essa diversidade de cores e odores que, de volta,
Causam toda a sorte de sentimentos possíveis.
Talvez se eu pudesse emprestar meus olhos e coração por um dia,
Talvez as pessoas entendessem como é bom não criar raízes.
E aí, talvez ninguém quisesse criar raízes.
E quisessem viver mais aventuras.
Ou talvez, ter raízes como as minhas...


Um certo tipo meio diferente de raízes aéreas.