quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Olá e adeus, Mad.

Tem gente de quem a gente demora a se despedir. De você eu demorei quase um mês para poder me desvencilhar de sua história. O sol já estava dando as caras, e eu tava chorando, não tenho pra quê mentir, né? Depois de aproximadamente duas semanas sem querer te ver, porque sua história é triste demais, depois de sua história ter se tornado pungente demais, eu decidi que precisava te deixar ir, assim como muitos outros devem ter precisado te deixar ir. Talvez sua história tenha se tornado tão carnal para mim por questões de empatia, por ficar triste por alguém que amou alguém que mal chegou a conhecer, como se tivesse amado apenas uma lembrança… Como se tivesse amado apenas um sopro e, ah, a poeta-não-jornalista dentro de mim sente! E como sente sua história… Como se conseguisse vê-la passando pela minha visão periférica num quarto meio escuro, como um vulto, um espectro preso na narrativa não muito linear escrita não para quem quer entender mas sim sentir. Como se você fosse apenas aquela pessoa de quem falam, falam, falam, mas nunca aparece nos roles. E essa é a coisa a seu respeito, não é? Tenho você perto de mim, andamos nos mesmos lugares, vivemos na mesma cidade, cruzamos a Rua da Saudade, mas só nos encontramos naquele mundo ideal, meio fora da realidade e meio dentro dela, meio Mundo das Maravilhas, meio Mundo de Sofia. MAS AO MESMO TEMPO, você estava longe… Tão longe e inalcançável que eu nunca poderia sentir como é passar a mão em sua peruca rosa, nem estar bebendo no bar de Nalva onde você decide dar um show em cima do balcão porque, realmente… Às vezes é melhor surtar e se deixar consumir pelo sentimento do que se deixar engolir pela dor. Às vezes é melhor surtar do que se descobrir num sonho tão bom que a vida real se torna um pesadelo. E quando eu percebi, eu já te amava sem nem mesmo te conhecer. Sem nem mesmo ter muito contato com você, eu queria saber mais, mais e mais sobre você. Talvez tenha sido o tarot. Mas acho que a vida é isso, né? A gente encontrar o outro e ouvir sua história e encontrar um pouco de Esperança nesse mundo louco e cheio de dor e sofrimento. Talvez tenha sido a tatuagem de ouroboros que imagino que você tenha escondida em algum lugar do seu corpo. Ou talvez tenham sido os cigarros, não sei… Mas depois de duas semanas sem chegar perto de você, eu precisava me despedir. E como foi uma despedida agridoce! Eu queria mais. Eu queria muito mais de você. Mas você é senhora de si e decide o quanto de você irá nos mostrar. E como você foi maravilhosa, Madame Xanadu! Como você foi DESLUMBRANTE! Deslumbrante, artística e graciosa, como uma Ópera. Excêntrica! Como aquela música do Queen! Qual o nome mesmo? “Bohemian Rhapsody”! Saiba que apesar do curto tempo e da sua necessidade fugaz, levo um pouco de você comigo a partir de agora e para todo o infinito, até que eu chegue lá do outro lado e me encontre com você. Obrigada por tudo, Madame Xanadu. Obrigada pelo encontro e pelas reflexões. É sempre bom encontrar com quem nos faz pensar. E sentir. E ao jornalista-não-poeta que trouxe sua história ao mundo, eu só espero que ele saiba que não chegou perto da minha expectativa porque ao pegar nesse livro de capa místico-misteriosa, eu não sabia totalmente o que esperar quanto à foma como essa história seria contada. Mas na verdade, Mad (posso chamar de "Mad", né? A esse ponto, acho que já sou íntima de você e, inclusive, devo dizer que adorei o "trocadilho" com a tradução da palavra na língua inglesa pro português) superou toda e qualquer expectativa que eu poderia criar. Madame Xanadu é um encontro com o qual todos deveríamos ter. E sentir. Adeus, Mad. Se cuide. Não deixe de se cuidar e se ame desesperadamente, todos precisamos disso. Desejo que você um dia encontre a paz e a felicidade que tanto merece e deseja.