Parece que pra ser mulher, tem que viver na luta.
Tá
na barriga e o quarto já é rosa. Já nasce obrigada a usar rosa,
mesmo que depois descubra que não gosta. Porque rosa é cor de
mulher, né? Rosa é uma cor delicada. É a cor da pureza, da
felicidade e do romance. Reza a lenda que, se você fizer
cromoterapia com rosa, pode se sentir psicologicamente melhor num
ambiente hostil. E ser mulher é isso, né? Ser doutrinada a se
sentir melhor num ambiente hostil. O problema é que o mundo todo é
naturalmente hostil. E a mulher tem que perdurar. A mulher tem que
permanecer. Tem que ser estoica. Tem que abdicar. Tem que sobreviver.
Já cresce ouvindo que tem que ser quieta, delicada e SUBMISSA porque
se falar demais, é muito “opiniosa” e “nenhum homem vai
querer”. Porque é mandona demais. Arrogante demais. Cresce ouvindo
que é pra estudar “pra não depender de ninguém e arranjar o
namorado que quiser”. Mulher nasce e cresce ouvindo que tem que
usar rosa e tem que ser uma rosa. Olhe,
pois eu detesto rosa!!! Me processe!
Vocês
não percebem o problema dessas falas, né?
E
O QUE EU QUERO? NINGUÉM VAI PERGUNTAR NÃO? O QUE EU QUERO É
liberdade. Quero ser dona de mim sem que me tornem vilã da minha
própria história. Mas ser mulher é isso, né… Nunca sair ilesa.
Sobreviver no ambiente hostil pela cor rosa, mas nunca sair ilesa.
Nenhuma
mulher sai ilesa de uma denúncia de abuso.
Nenhuma
mulher sai ilesa dos holofotes.
Nenhuma
mulher sai ilesa de um aborto clandestino.
Nenhuma
mulher sai ilesa de ter nascido mulher.
Nenhuma
mulher sai ilesa. Nunca.
Então
não me dê uma flor no Dia Internacional da Mulher. Todo dia é dia
da mulher. Todo dia é dia de luta.
Já
parasse pra pensar nisso?