segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Parece que pra ser mulher, tem que viver na luta.




Tá na barriga e o quarto já é rosa. Já nasce obrigada a usar rosa, mesmo que depois descubra que não gosta. Porque rosa é cor de mulher, né? Rosa é uma cor delicada. É a cor da pureza, da felicidade e do romance. Reza a lenda que, se você fizer cromoterapia com rosa, pode se sentir psicologicamente melhor num ambiente hostil. E ser mulher é isso, né? Ser doutrinada a se sentir melhor num ambiente hostil. O problema é que o mundo todo é naturalmente hostil. E a mulher tem que perdurar. A mulher tem que permanecer. Tem que ser estoica. Tem que abdicar. Tem que sobreviver. Já cresce ouvindo que tem que ser quieta, delicada e SUBMISSA porque se falar demais, é muito “opiniosa” e “nenhum homem vai querer”. Porque é mandona demais. Arrogante demais. Cresce ouvindo que é pra estudar “pra não depender de ninguém e arranjar o namorado que quiser”. Mulher nasce e cresce ouvindo que tem que usar rosa e tem que ser uma rosa. Olhe, pois eu detesto rosa!!! Me processe!

Vocês não percebem o problema dessas falas, né?
E O QUE EU QUERO? NINGUÉM VAI PERGUNTAR NÃO? O QUE EU QUERO É liberdade. Quero ser dona de mim sem que me tornem vilã da minha própria história. Mas ser mulher é isso, né… Nunca sair ilesa. Sobreviver no ambiente hostil pela cor rosa, mas nunca sair ilesa.
Nenhuma mulher sai ilesa de uma denúncia de abuso.
Nenhuma mulher sai ilesa dos holofotes.
Nenhuma mulher sai ilesa de um aborto clandestino.
Nenhuma mulher sai ilesa de ter nascido mulher.
Nenhuma mulher sai ilesa. Nunca.

Então não me dê uma flor no Dia Internacional da Mulher. Todo dia é dia da mulher. Todo dia é dia de luta.


Já parasse pra pensar nisso?