sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sobre a escrita

 

Tem dias que acordo me perguntando quantos textos intitulados “autobiografia” ainda irei escrever em minha vida.


Ora, se, já não sou o mesmo… ser humano! desde que acordei,

Quem dirá permanecer a mesma desde a última vez que escrevi uma autobiografia.

Sequer lembro quando foi a última autobiografia escrita.

O que mudou? Nem sei.

Talvez eu busque esses textos para revisitar essas versões antigas mas não desimportantes de mim.

Recentemente descobri que também sou feita de silêncios.

Taí, uma frase bonita…

Feita de silêncios.

Tão bonita quanto clamar para si o título de artista do impossível.

Tão solenemente rebelde quanto se chamar antipoeta.

Ai, a antipoesia…!

Me acolheu tão bem…!

Logo a mim, que pertencia a lugar nenhum!

Logo essa escritora que se insurge contra a rima e a métrica,

Que se desagrada com as formas e

Que me rebelo contra o uso de palavras eruditas demais.

Eu quero mais é que todo mundo possa ler e sentir a antipoesia!

Tudo em mim grita antipoesia.

Tudo o que sou está na antipoesia.

Essa ovelha desgarrada que não gostava de se chamar de poetisa

Por justamente rejeitar todas as raízes tão sólidas da poesia,

Agora escrevo antipoesia.

E desafio quem sentir coragem o suficiente a me dizer que não o sou!

Toda minha arte grita rebeldia.

Se não gritasse, bem… Não seria minha.

Se não transbordasse o escárnio que é o viver,

O sarcasmo ao rir de si…

Quem mais seria?

Nessas entrelinhas de antipoesia da autobiografia, chego a me perguntar

O que é sucesso?

Serei um dia o que muitos consideram uma artista bem sucedida?

Pois bem… Já me considero bem sucedida.

Como não consideraria? Escrevo para mim, escrevo o que quero.

Desligo o cérebro pro coração poder falar…

Uma voz dentro de mim diz: “Mas em certo momento o artista deixa de criar para si.”

Vou conceder a essa voz uma concordância.

De fato, em algum momento deixo de escrever para mim.

Mas apenas o faço porque confio no poder da arte.

Na cura, na guiança…

Então se apenas uma pessoa fosse tocada por essas palavras metodjcamente escolhidas de brincadeira

Que podem trazer algum erro, ou não…

Já ficaria feliz.

Ora, por que escrever e colocar palavras erradas propositalmente?

Por birra! Risos.

Pra ver quem presta atenção?

Porque eu quero!

Porque a perfeição é entediante.

Nas curvas de cada letra da antipoesia encontro um pouco mais de minha história.